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A Red Carpet dos sem-abrigo de Lisboa!

Lisboa. Domingo. 22 de Fevereiro de 2015. Sento-me no sofá bem quentinha, com uma caneca de chá a acompanhar e amor do meu lado. É Noite de Óscares. É tempo de fazer apostas e de esperar que o nosso filme preferido seja o vencedor. É tempo de ver os fantásticos vestidos e de assistir ao glamour da passadeira vermelha. É tempo de escolher as mais bonitas e aquelas que não estão tão bem. De ver as joias, os sapatos, os acessórios, a maquilhagem. É tempo até de sonhar com aqueles modelitos. Assisto a uma parte e acabo por adormecer no sofá porque não se aguenta a noite toda e amanhã é dia de trabalho. Acabam os Óscares e não sei quem ganhou o quê!

Lisboa. Segunda-feira. 23 de Fevereiro de 2015. Acordo e ligo a TV. Tomo o pequeno-almoço. Sempre no conforto e quentinho da minha casa. Fico rapidamente a saber: melhor filme, melhor actriz principal e secundária e melhor actor principal e secundário. Quem foi a mais bem vestida e a pior. Quem estava deslumbrante e quem devia era ter ficado em casa. Na continuação do dia deparo-me com uma campanha que muito me tocou, e que nasceu a pretexto da cerimónia dos Óscares e da icónica passadeira vermelha por onde desfilam as celebridades: a red carpet dos sem-abrigo de Lisboa.

Quantos de nós, quando estamos em frente à TV completamente sugados pelos looks das celebridades pensamos nos sem-abrigo? Ou melhor, quantos de nós pensamos nos sem-abrigo no dia-a-dia? Muitos poucos, com certeza! Mas a Leo Burnett Lisboa pensou e criou uma campanha para a Comunidade Vida e Paz. Uma campanha que tem como protagonista o Pedro, o Patrick, o João e o José. Pessoas que, ao contrário das celebridades, esperam por roupas para vestir e pelo que comer. Sobre a campanha nada vou dizer, pois ela fala por si mesmo.

Mas sobre a Comunidade Vida e Paz tenho algumas palavras a dizer! No final do ano que passou, tive oportunidade de integrar uma equipa de entrega de alimentos a sem-abrigo em Lisboa: passei por Santa Apolónia, Xabregas, Oriente, entre outros locais emblemáticos da capital, e fiz o que me competia, entreguei um saco que continha um iogurte, uma sandes e um bolo e ainda deixei um sorriso, muito tímido e muito a medo.

Foram 5 horas de experiência. Uma experiência avassaladora e que ainda hoje não consigo classificar. Posso dizer que foi bom dar o meu tempo à Comunidade e a todos aqueles a quem consegui ajudar de alguma maneira. Mas não posso dizer que me senti bem, pois continua a magoar-me ver tantas pessoas sem um teto, sem uma refeição e sem uma muda de roupa. Pessoas que poderiam ser os nossos pais, avós, irmãos ou até nós mesmos. Pensar nestas pessoas à noite, quando me deito na minha confortável cama, depois de fazer a minha terceira ou quarta refeição do dia e após ter tomado um banho…e tudo isto após um dia de trabalho, aquele que me garante sustento e que tantos não têm.

Não foi fácil meter-me numa carrinha e seguir em frente. Não foi fácil ouvir os sem-abrigo dizer que era apenas mais um dia, igual a tantos outros há demasiados anos na rua. E, com certeza, que não é fácil para quem lida há anos com estas pessoas e, de repente, eles deixam-se vencer pelos constrangimentos da vida. Ainda assim, só tenho que agradecer à Comunidade Vida e Paz por nessa noite me ter ajudado. Senti-me útil e irei continuar a senti-lo, pois este ano os meus 0.5% do IRS vão para a Comunidade Vida e Paz. E tu também podes ajudar e dar os teus 0.5% do IRS a esta instituição.

Comunidade Vida e Paz

~ chá de solidariedade ~

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