A viagem é pelo mar, debaixo de água, nas profundezas de um oceano que encontramos aquela que outrora foi Sereia Louca. Agora menos melancólica e mais electrizante, ela é Medusa. Esse ser majestoso, é imagem e mote para uma abordagem ao tema violência contra as mulheres É no reino dos mares que esse o corpo (in)violável é castigo, é culpa sua e vítima da sua própria violação – vítima que toda a gente acusa.
Ouve-se pequenos excertos da poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen, e Capicua sai em defesa da mulher. Assertiva em cada palavra, em cada cara, em cada corpo, em cada monstro que
“Sofre em silêncio…
Só.
Completamente só.
Esconde a nódoa negra com o pó.
De fita métrica pronta
Examina-se a carne
E critica-se a “coisa”.
O resto não conta
É uma sombra…”
O tema conta ainda a participação do rapper português Valete que contribui com o olhar de um homem sobre a mulher, sobre o seu sofrimento, sobre a mulher na sociedade, uma perspectiva masculina mas também feminina.
Medusa assinala um ano do álbum Sereia Louca, assinala também uma estética sonora mais silenciosa, privilegiando a escrita, a ‘spoken word’. O álbum de 14 remisturas, é um trabalho coletivo, com colaborações de outros artistas.
~ uma medusa e um chá de ira ~