“Sou Ribatejana”, respondia eu com um nítido orgulho no olhar, quando me perguntavam sobre as minhas origens. Já vivi em várias cidades deste nosso Portugal, mas as raízes nunca deixaram de me aquecer o coração. A beleza da lezíria e do Tejo, o sotaque ribatejano e todos os bons petiscos: a Sopa da Pedra de Almeirim, os fabulosos Torricados, os pratos de touro bravo regados a vinho, e claro, sem nunca dispensar um bom tintinho à moda do Ribatejo.
Por este dias a região vive grandes festividades, convívio entre amigos, petiscos e as tradicionais corridas de touros. É que a Feira Nacional de Agricultura está de volta a Santarém: começou no passado sábado (6 de junho) e prolonga-se até ao próximo domingo (dia 14). No Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) podem ser visitadas variadas exposições: maquinaria agrícola, pecuária, bovinos, caprinos, cavalos, artesanato e produtos alimentares, desde doçaria a enchidos. Há ainda as maravilhosas provas de degustação de vinho.
Também música não falta. Muitos concertos preenchem o cartaz: amanhã é noite de Azeitonas. No penúltimo dia do evento Anselmo Ralph sobe novamente ao palco como no ano passado, onde conseguiu encher por completo o recinto da Feira. Além disso, à meia noite, pode-se assistir sempre à famosa picaria ribatejana. Sábado é noite de Mesa da Tortura para os mais corajosos.
Ontem, visitei a Feira do Ribatejo com uns amigos. Fomos logo ao pavilhão dos produtos alimentares. Queríamos provar uns bons queijos, chouriços e mel. Passámos por um expositor da Golegã que nos despertou bastante o interesse. É que o gestor Jorge Antunes mostrou um entusiasmo desigual ao falar do seu negócio, que já esteve mais longe de ir além fronteiras.
É o pioneiro dos Pastéis de São Martinho: começou a experimentar na cozinha por tentativa erro, até encontrar a receita ideal em 2013 e patentear a marca. Pretendia criar um pastel típico da vila da Golegã e assim juntou os ingredientes conhecidos da região: a castanha assada e o abafadinho. E não é que brindámos com um bom abafado e provámos um pastel de São Martinho? Lembra o Pastel de Belém, mas com recheio de castanha. No forno, é possível cozer oitenta pastéis em apenas vinte e cinco minutos.
Jorge Antunes diz que ser autodidata é fundamental para um negócio de sucesso. Por isso é que no início do ano abriu um novo espaço de restauração na cidade de Fátima. Lá serve o “Segredo de Fátima”, pastel que deu nome ao estabelecimento. Tem recheio de castanha e chocolate, polvilhado com amêndoa. A massa é também uma receita própria e é uma homenagem aos três segredos de Fátima.
O novo conceito procura apostar em sabores totalmente diferentes. A sobremesa “Baba de Cavalo” é exemplo disso. Pode-se juntar ao menu do almoço ou jantar. Provámos e o sabor é irresistível. Só que a receita é segredo. A sobremesa é cremosa, fresquinha e deixa qualquer um preso até ao último bocadinho. E a verdade é que as vendas têm disparado.
Além disso, no restaurante “Segredo de Fátima”, servem-se ainda a bifana em bolo do caco e o hambúrguer de bacalhau. Um conceito diferente e de enorme sucesso no mercado. Um exemplo de espírito empreendedor e, sobretudo, trabalhador.
A crise é também uma época de novas oportunidades para os mais audazes. Com espírito de sacrifício tudo é possível. Novas marcas e novos negócios de sucesso poderão surgir. É este o espírito que valorizo na região. Somos batalhadores. Somos de sangue lusitano. Enfrentamos o touro pelos cornos e somos, acima de tudo, amantes dos nossos costumes.
Sou Ribatejana de alma e coração. Serei sempre, com muito amor às minhas tradições.
Venham visitar a 52ª Feira Nacional de Agricultura.
Os bilhetes diários são sete euros.
~ Um Chá e um brinde ao Ribatejo ~
Eu sou de Almeirim, eu AMO o Ribatejo.
Ribatejana ontem, hoje e sempre.
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