WHAT'S UP

You exist, but do you feel alive?

Já não é a primeira vez que dou por mim a pensar nesta temática. Já não é a primeira vez que dou por mim a pensar que não vivemos a vida que queremos, mas sim a vida que se impõe.

Há relativamente pouco tempo, estava no meu percurso trabalho-casa, já depois das 19h e no comboio que liga Lisboa a Oeiras. Estava sentada ao lado de dois senhores (com todo o ar de avós babados) que levavam ao seu colo o neto. Pequenino, com cerca de 2 anos, mas muito contente a brincar com a avó. Uma outra senhora começou a brincar com o menino e lá acabou por dar dois dedos de conversa com a avó, que, com um ar desolado dizia “é o meu neto e vai passar uns dias com os avós. A mãe está a trabalhar por turnos e não consegue ir buscar e pôr o menino à creche.” Bastou esta pequena conversa entre estas duas senhoras para eu continuar a achar que, atualmente, não temos a vida que queremos, mas sim a vida que se impõe.

São algumas as mulheres que conheço que não se casam porque o dinheiro é preciso para outras coisas, que não têm filhos porque não têm como lhes dar o que necessitam. Sim, também já sei que antigamente era pior, que as condições eram piores mas que “tudo se criava”. Mas, passados estes anos todos…não deveríamos estar a evoluir para melhor? Não deveriam as condições ser um pouco melhor do que aquilo que atualmente são?

No último mês assisti a uma reportagem na SIC que abordava o aniversário do salário mínimo. Não sei agora precisar números, mas se não estou em erro, quando “nasceu” rondava os €535 (na altura não em euros, claro, mas correspondia a esta valor). Atualmente, o salário mínimo é de €505… Não, não sei o que é viver com este montante, mas uma coisa é mais que óbvia, em vez de avançarmos, regredimos. O mais triste? Existem famílias a viver com este montante, por mês. Como é possível existirem casais a pensar em casamento quando recebem este valor? Como é possível ter casais a sonhar com filhos quando este montante mal chega para eles dois?

Assistimos a um Portugal onde o salário médio líquido mensal dos portugueses é um dos mais baixos de toda a União Europeia, falamos de um salário médio de €984 em 2013. Por sua vez, em 2015, €505 é a oferta média das empresas em Portugal para jovens qualificados. Estes jovens que têm uma licenciatura, muitas vezes um mestrado, e que querem dar início à sua vida recebem o mísero ordenado mínimo.

Assistimos a um Portugal onde as mulheres são mães cada vez mais tarde, onde os jovens, que são os mais qualificados de sempre, têm de sair do seu país e ficar longe dos seus familiares e amigos para conseguir para uma renda, as contas de casa, para alimentação e ainda ter uns trocos para investir na sua formação, cultura e lazer. Assistimos a um Portugal que não valoriza a sua população. Assistimos a empresas a pagar baixos ordenados e a exigir horas e horas aos seus colaboradores sem pensar na importância da vida privada dos mesmos. Assistimos a empresas que tratam os seus colaboradores por funcionários e que para eles não passam de números.

Assistimos a um Portugal que não evolui. E esta, é a vida que se impõe.
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~um chá de reflexão~

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