Patriota. Comunista. Superações e sofrimentos. Mestiça. Liberdade e Feminismo. Mulher. Apaixonada pela cultura mexicana. Tradição. Folclore. Arte popular. Revestida pela paixão pela vida e por tudo o que era mexicano. Jóias e roupas das Índias. Elementos florais. Mercados de rua. Comidas cheias de Pimenta. Intensa. Declarava-se como filha da Revolução Mexicana. A poliomielite. O bonde. Coluna Partida. A vida e a morte. Um espelho, um cavalete uma caixa de tintas. Auto-retrato com vestido Terciopelo. Mais de 35 cirurgias. De longas e exóticas saias e de calças. As suas sobrancelhas. Os seus sapatos. A Moda. A autenticidade. Dores e Frustrações. 55 auto-retratos. Cor, simplicidade e exotismo. Diego Rivera. O casamento. Um estilo propositadamente conhecido como ingénuo. A infidelidade. A bissexualidade. Nova Iorque, a Gringolândia. Única e irreverente. Abortos e a Impossibilidade de ter filhos. Amputação dos dedos do pé direito. Um colete de gesso. A traição de Rivera e Cristina (irmã mais nova de Frida). Tentativas de suicídio. A separação. Frida e Isamu Noguchi. A reconciliação. A Casa Azul. Novas cirurgias no pé. As dores de coluna persistem. Úlcera. Anorexia. Ansiedade. Leon Trotski, o seu mais famoso caso de amor. Exposições individuais em Nova Iorque e Paris. “Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade.” Conhece Pablo Picasso, Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Eluard e Max Ernst. Primeira pintora mexicana com quadros no Museu do Louvre. Nova separação oficial. E segundo casamento com Rivera. Casa Azul. Viviam como marido e mulher mas sem morar juntos. Entre dores e pensamentos. Textos e ilustrações coloridas, um Diário. La Esmeralda. Moisés e o Prémio Nacional de Pintura. Hospital e mais seis cirurgias. Um colete de ferro longo e quase irrespirável. Depressão. Uma cadeira de rodas. Uma gangrena e uma perna amputada. “Pés, para que os quero se tenho asas para voar.” Ambiguidade entre sentimentos. A morte aproximava-se da tranquilidade. “A tragédia é o mais ridículo que há” mas “nada vale mais do que a risada”. Tão maior era a sua garra pela vida. Revolucionária. De cadeira de rodas numa manifestação contra a intervenção norte-americana na Guatemala. Na noite de 13 de Julho de 1954, Frida Kahlo é encontrada morta em sua casa, por embolia pulmonar. Embora as suas palavras de despedida no seu diário não descartam a hipótese de suicídio, por overdose (acidental ou não) devido à quantidade de medicamentos que tomava. “Espero a partida com alegria…e espero nunca mais voltar…Frida”.
Pintar para aliviar a dor, Frida Kahlo foi uma mulher à frente do seu tempo. Uma existência breve mas demasiado intensa. Hoje é inspiração e referência para muitas pessoas, uma notoriedade que extravassa para lá do círculo das artes. Frida soube olhar as trágicas e irremediaveis partidas que a vida lhe pregara com alguma beleza. Transformou as suas deficiências em estilo (tornando-se tendência). Escolheu viver com intensidade um amor cheio de defeitos. Acredito que tenha levado o conselho de Rivera à letra e ao coração “Pega da vida tudo o que ela te der, seja o que for, sempre que te interesse e possa dar certo”. Uma atitude rara. Tão rara, que merece ser (re)conhecida e, se possível, levada à séria. Afinal, quantos não são as tempestades em pequenos copos de água?
Se fosse viva, Frida Kahlo completaria hoje 108 anos.
~ um chá e um coração cheio e puramente mexicano ~
* Em 2002, sob direcção de Julie Taymor, foi lançado o fim “Frida” com a actriz Salma Hayek no papel da personagem principal e Alfred Molina no papel de Diego Rivera.
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