Este fim de semana o rock voltou mesmo à cidade, a 21º edição do Festival Super Bock Super Rock fez tremer o Parque das Nações ao som de grandes bandas nacionais e internacionais.
O festival “camaleão” que este ano trocou os ares da praia pelo rio, é um pouco antítese dos festivais de verão, com concertos ao ar livre. Num primeiro momento é estranho pensarmos num festival de verão em plena cidade e em recintos fechados, mas assim que se passam os pórticos de entrada o pensamento é anulado pela organização de todos os espaços, palcos e atmosfera festivaleira.
Como festivaleiro que é, o headshake tinha passe para os 3 dias deste super festival, no entanto apenas conseguiu marcar presença e já em jeito de despedida no seu último dia, 18 Julho. Assim que chegamos percebemos que muito havia para lá de 4 palcos, todo o espaço estava bem organizado e equilibrado. Como em todos os festivais, havia o espaço de merchandising das marcas parceiras que desafiavam os mais aventureiros ou que distribuía uns chapéus que desenhava a multidão que chegava. As escadas do Meo Arena serviam de bancada à música nacional do palco Antena 3, a cobertura do pavilhão de Portugal acolhia o Palco EDP, o Meo Arena oficializava o Palco Super Bock e ao fundo o Palco Calsberg. Entre tudo isto ainda havia espaço para saciar a fome e o apetite com o food court e esplanadas.
Com 21 anos de rock, havia ainda o Pavilhão Super Bock, Beer Tour e a Exposição 20 anos, 3 espaços dedicados à história deste super festival e da sua super cerveja. A vista é de cortar a respiração e até o Tejo vibrou nas ondas rockeiras e deu espectáculo com o SuperBock Flyboard Show.
E as casas de banho? aquelas filas (e tudo o resto que sabemos). Aqui há mesmo casas de banho e as filas não são assim tão grandes, atreveria-me mesmo a dizer que nunca aguardei mais do que 3 minutos nas filas tanto para a casa de banho quanto para os bares superbock. E o pó? Esse também fico fora nesta edição :)
Mas falando agora de música, se há coisa que eu aprecio nos festivais é o contacto e a descoberta de novas bandas e de grandes concertos. O palco Antena 3 merece (e merecerá sempre) a minha vénia porque é amante e promotora a 100% de música nacional. Para um final de tarde, Márcia e Thunder & Co. deram início a uma grande noite. Depois o sorriso carioca de Rodrigo Amarante, que eu tanto aguardava, (en)cantou os ouvidos de uma imensidão no Meo Arena com o seu disco de estreia a solo, Cavalo (mimou-nos ainda com Mistério do Planeta dos Novos Baianos que adoro!). Crystal Fighters doseou-nos de energia para os concertos que seguiram…mas ex-que o furacão Florence tomou conta do palco SuperBock, um espectáculo dentro de outro espectáculo para um final apoteótico deste super festival no corpo e voz Florence + The Machine. Mas a festa ainda não terminara, Throes + The Shine subiam ao Palco Calsberg para fazer mexer corpo de muitos ao som da sua perfeita fusão rockuduro (e eu sou fã desde do primeiro concerto).
Mas acredito que a descoberta deste festival para muitos amantes de música é sem dúvida o inglês, de 26 anos, aquela voz tenor e aristocrática que veio da rua. Conheci-o há uns meses, como que num sussurro, apresentou-se a mim com Nemesis, não fiz mais nada do que pesquisar sobre ele e ouvi-lo incessante e incansavelmente dias a fio. Um vozeirão incrível, o timbre tão singular e tão intenso e com uma carga poética profundamente forte. De pés descalços e com a magia nas pontas dos dedos, com a sua voz e piano, a sonoridade de Benjamin Clementine vagueia entre a soul e a pop, e com pequenos “pós” subtis entre o contemporâneo e o electrónico, e para mim, é do melhor que já ouvi ultimamente, aquele que me remonta aos génios clássicos e que faz arrepiar.
Pareceu-me sem dúvida um bom regresso do rock à cidade, num espaço urbano que se tornou sinónimo de conforto, união e partilha entre festivaleiros. Concertos super, cerveja super e um espaço super. Até breve Super Bock, Super Rock!!!
~ um chá super e com rock ~