Não sei se é geral, se é só no meu país ou só na cidade onde vivo, se é característico da minha geração ou se é só das pessoas com quem me cruzo, mas parece que está tudo doido e ninguém sabe o que quer. Não sei há quanto tempo sei isto, mas só hoje consegui expressar por palavras, aquilo que tantas vezes venho a confirmar.
Os relacionamentos são descartáveis, rápidos, sem tempo para grandes entregas ou partilhas. O desejo de estar com uma pessoa, surge da mesma forma como o de fumar um cigarro e desaparece com a mesma rapidez de 5 ou 6 bafos, depois pega-se no cigarro, apaga-se a chama, deita-se fora porque já foi fumado e não interessa mais.
Estamos na era do facilitismo, onde até as relações têm que ser fáceis, não há tempo e muito menos vontade para grandes esforços, porque para além de haver muita oferta, as relações vivem com o superficial e não chegam a descobrir o fundo da questão. E vive-se assim, a culpar o outro porque nos maçou de mais e a procurar constantemente a relação perfeita ou a experiência mais prazerosa. As relações duradouras tornam-se cansativas e chatas e por isso há quem viva a vida a saltitar.
Não digo que saltitar seja mau, mas nós mulheres, lidamos mal com a expectativa e principalmente com o dia a seguir. O dia a seguir a qualquer coisa, a termos conhecido alguém, a uma noite de sexo, a termos terminado uma relação. O dia a seguir é o derradeiro dia, porque antecede um futuro ou prevê uma reacção que o nosso coração ou simplesmente a nossa cabeça esperam ansiosamente. É por isso que fugimos às relações fugazes e preferimos o que nos possa garantir, de certo modo, alguma estabilidade.
Não somos perfeitas, mas acredito que procuramos muito mais as relações duradouras do que as passageiras ou as flash, embora o mercado esteja virado maioritariamente para a segunda opção.
As pessoas são livres de procurar o que realmente lhes faz feliz, mas essa procura é hoje demasiado duradoura, tão longa que nunca chegam a ter tempo para viver nada realmente intenso.
~um chá de incertezas ~