Há uns dias encontrei por acaso algumas fotografias de Coimbra. Dei por mim a reviver recordações imensas. Os amigos, os momentos, as maluqueiras, as histórias inesquecíveis. Senti muita alegria, aliada a uma certa tristeza. Como é possível tudo ter sido tão mágico e rápido ao mesmo tempo? Afinal, a cidade que me viu chegar menina, fez-me mulher.
Aos 18 anos saí de casa com a ânsia de querer conhecer um mundo novo. Ir embora com a casa às costas para uma cidade distante daquela que me tinha visto crescer não foi nada fácil. Inicialmente queria-me vir embora. Mas, depressa Coimbra se transformou no sítio mais especial onde alguma vez poderia ter vivido. Fui muito feliz. Muito. As palavras nunca serão o suficiente para descrever o quanto o meu coração vibra ao ouvir o fado, as guitarradas e o quanto a minha alma estremece ao olhar para a Cabra estampada no meu anel de curso.
Na maioria das fotografias estava a sorrir. A sorrir muito. Genuinamente. De forma ingénua. Afinal não era assim que éramos todos? Pensávamos que tínhamos o mundo aos nossos pés. Acreditávamos tanto nos nossos sonhos. Achávamos que éramos os mais especiais do mundo. Eu e todos aqueles amigos que já não vejo há tanto tempo. As saudades. Essas são tantas. Uma palavra que tem tanto significado. Deixei a minha família de Coimbra para trás, mas presa no coração. Ali cresci, apaixonei-me, decepcionei-me, ri-me, diverti-me, estudei, sofri, cantei, gritei, deitei-me na capa em noites de luar. Fui mais feliz do que alguma vez poderia pedir.
Em tão pouco tempo, como tudo muda. Agora há uma urgência quase que imposta para construir uma vida, que é mais difícil do eu imaginara nos tempos de faculdade. Nos anos das noites de capa traçada e batina orgulhosamente vestida. Os sonhos já não são inocentes. E os amigos que fiz tentam formar uma vida cada um para seu lado. Eles que foram tão especiais. Se soubessem…
Ó Coimbra, tu que me levaste direta para o Porto num dos meus sonhos inocentes de menina. Ó Coimbra, tu que me deste e tiraste tudo. Ó Coimbra dos meus amores perdidos, foste tão mágica e tão magnífica. Foste tudo o que nunca conseguiria alguma vez imaginar.
Afinal, a mania da minha mãe querer que eu guarde todas as fotografias faz todo o sentido. É tão bom recordar. É tão bom reviver momentos felizes.
É tão bom poder dizer aos novos amigos: “estes foram os meus amigos de Coimbra. A cidade onde estudei. Ali aprendi a dizer saudade”.
Ali vivi quatro anos. Ali cresci. Ali fui escandalosamente feliz.
~ Um chá de recordação ~