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Amor em pandemia

M e V iniciaram uma relação amorosa dois meses antes da pandemia se instalar em Portugal, conheceram-se socialmente através de amigos em comum e chegaram inclusive a fazer vários programas juntos, quando ainda era possível sair para jantar e passear livremente. Nada previa o que estaria para chegar, mas foi o suficiente para mudar o rumo das suas vidas, de forma inesperada.

M, contou ao headshake que perante um confinamento inesperado e rigoroso que iria obrigar a um afastamento temporário, não lhes fazia qualquer sentido viver cada um em sua casa, a vontade de estar juntos e de se conhecerem melhor, era mais forte que qualquer pandemia.

Em menos de dois meses de namoro, decidiram então viver juntos, V deixou a sua casa e mudou-se para a de M.  “Correu bem e já não fazia sentido cada um voltar a viver sozinho” diz M confiante da sua decisão.

Ao questionar-mos como foi partilhar a mesma casa 24 sob 24horas, M diz confiante que foi fácil, devido à forma descontraída como ambos encararam o desafio. M tinha algum receio de não se adaptar a uma vida em conjunto, uma vez que estava habituada a viver sozinha. Mas nem as questões domésticas foram motivo de conflito, M e V confessaram que partilham todas as tarefas e que tudo o que poderia ser problemático entre o casal foi resolvido com uma boa conversa.

Durante a pandemia, fizeram planos de ter filhos, construir uma família e comprar uma casa maior. M contou-nos que aos 8 meses de relação, engravidou, mas que infelizmente não pode prosseguir com esse sonho, pelo menos para já. No segundo confinamento rigoroso, tiveram que ultrapassar alguns momentos difíceis.

o amor, a paixão ou a vontade de estar com alguém poderá ser mais forte que o COVID

A história da M e do V mesmo não tendo começado exatamente no período pandémico de Portugal (março de 2020 até a data), foi crescendo e evoluindo durante meses com muitas restrições e períodos de confinamento pelo meio, no entanto e apesar de ser uma realidade diferente para ambos, não se arrependem da sua decisão.

A verdade é que o testemunho deste casal, deixou-nos com vontade de explorar a fundo as questões dos relacionamentos em período de pandemia, porque afinal, ninguém estava preparado e todos fomos obrigados a adaptar-nos. Será que durante a pandemia houve espaço para o amor? Houve mais relações a terminar ou a começar? E as que começaram, como aconteceu num período tão pouco propício a encontros físicos? Que dificuldades sentiram os casais que foram “obrigados” a conviver 24 sob 24h? Houve mais ou menos tempo para a vida sexual?

mais de metade dos inquiridos assume que o facto de estar solteiro deve-se essencialmente à pandemia e/ou aos períodos de confinamento

Comecemos por conhecer os perfis das pessoas que responderam ao inquérito por questionário que disponibilizamos durante mais de uma semana, no nosso blog. São pessoas entre os 20 e os 43 anos, maioritariamente do sexo feminino (64,2%), sendo que mais de metade está atualmente numa relação com ou sem compromisso, o que à primeira vista nos leva a crer que o amor, a paixão ou a vontade de estar com alguém poderá ser mais forte que a COVID.

Ao analisar a minoria, os “completamente descomprometidos”, encontramos dois perfis. O primeiro, são pessoas que não estiveram em nenhum relacionamento amoroso de qualquer tipo nos últimos 6 meses (17,9% dos inquiridos), sendo que mais de metade dos inquiridos assume que o facto de estar solteiro deve-se essencialmente à pandemia e/ou aos períodos de confinamento que dificulta o processo de conhecer outras pessoas.

O segundo perfil são pessoas que terminaram um relacionamento há menos de 6 meses (10,4% dos inquiridos), sendo que todos afirmam que a sua última relação teve início durante a pandemia (desde março de 2020 até à data) e que conheceram o “ex” parceiro essencialmente através de amigou ou através de redes sociais. Sendo que também estes pensam estar a ser prejudicados pela pandemia, atribuindo a esta o término das suas relações.

A maioria das relações sem compromisso, tiveram início durante a pandemia, sendo que só 3% se mantêm

Não poderíamos dedicar um artigo ao amor sem falar do estado civil, “mas, sem compromisso”. Referimo-nos, a quem teve nos últimos 6 meses, um ou vários relacionamentos amorosos sem compromisso (10,4% dos inquiridos) e os que assumem, estar atualmente, em um ou em vários relacionamentos amorosos sem compromisso (3% dos inquiridos). A maioria destas relações (88,9%) tiveram início durante a pandemia, sendo que só 3% ainda se mantêm.

As pessoas pertencentes a este “estado civil” afirmam ter conhecido os seus (ex) parceiros essencialmente através de uma app de encontros (ex: Tinder, Flirt, Grindr), socialmente ou numa terceira hipótese, era uma pessoa com quem mantinham uma amizade há algum tempo. Acreditamos que para quem prefere um relacionamento sem compromisso, a pandemia não foi impedimento para conhecer novas pessoas e de estar com as mesmas fisicamente.

Voltemo-nos agora para os “completamente in love”, os que estão atualmente num relacionamento amoroso. Para sermos mais específicos, representam 55,2% dos inquiridos. A esmagadora maioria não teve início durante o período da pandemia.

Das pessoas que atualmente mantêm uma relação, 48,6% não residem atualmente com o seu parceiro. Estas últimas afirmam que a maior dificuldade que sentiram durante os períodos de confinamento foi o afastamento físico, o pouco ou nenhum tempo dedicado ao parceiro e ainda houve quem referisse o facto de não haver possibilidade de fazer programas a dois. Estes inquiridos afirmam que de uma forma geral e apesar da pandemia e dos períodos de confinamento, os seus relacionamentos mantêm-se igual.

Mas de uma forma geral, a maioria sente que a pandemia foi benéfica para a sua relação.

Quanto aos casais que partilham atualmente a mesma casa, os que dizem ter sentido problemas relativos à existência da pandemia, referem a existência de alguma ansiedade ou irritabilidade, desequilíbrio ao nível do desempenho das tarefas domésticas, desacordo mais do que o habitual e há ainda quem tenha referido a falta de socialização e de fazer programas a dois fora de casa. Mas de uma forma geral, a maioria sente que a pandemia foi benéfica para a sua relação.

Relativamente à atividade sexual destes casais, 61,1% afirma que não houve alterações, 27,8% refere que foi mais ativa e apenas 11,1% considera ter sido menos ativa.

Posto isto, só nos resta concluir com as ideias principais deste artigo, e esperar que a COVID nos deixe em paz, para podermos viver o amor de forma livre, com ou sem compromisso.

  • Pessoas que não têm nenhum tipo de relacionamento há mais seis meses culpam a pandemia por os impossibilitar de conhecer novas pessoas;
  • Inquiridos que terminaram as suas relações há menos de seis meses afirmam que foi a pandemia que não permitiu manter as suas relações;
  • Os relacionamentos sem compromisso que os inquiridos afirmam ter ou ter tido nos últimos seis meses, surgiram maioritariamente durante a pandemia, sendo que só 3% se mantém;
  • A pandemia não foi impedimento para conhecer novas pessoas, exceto para 17,9% dos inquiridos;
  • A maioria das relações amorosas com compromisso que ainda permanecem, não tiveram início durante o período da pandemia,
  • Durante os períodos de confinamentos, os relacionamentos à distância sofreram essencialmente pelo afastamento físico;
  • De uma forma geral, os casais que moram juntos consideram que a pandemia foi benéfica para a sua relação.
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