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A Guarda da Praia

Adorava ter uma casa pequenina numa praia onde o tempo estivesse sempre bom.
Consigo imaginá-la e a tudo o que a rodeia. É branca, tem paredes que são janelas, um pequeno alpendre – com uma rede onde confortavelmente me aninho a ler – e está exactamente em cima de uma duna rodeada apenas de pequenas ervas que ali cresceram sem pedir.

O clima é ameno. O termómetro nunca passa dos 28 graus, nem desce dos 20: é perfeito.
Não sei quem criou aquele sítio, mas certamente fê-lo num dia de grande inspiração. É o melhor sítio do mundo. O meu sítio.

Já pensei várias vezes em mudar-me para lá, mas, como em tantas outras ocasiões na vida, as circunstâncias não mo permitem. Ando sempre tão atarefada com coisas que me foram impostas, que às vezes parece que me esqueço daquilo que gosto, daquilo que me faz sentir bem, daquilo que é genuíno em mim e me faz ser eu.

Há sempre um padrão. Em tudo. E temos porque temos de segui-lo. Porque não é bem visto, porque não vamos ser alguém, ou, simplesmente, porque “é assim”. E aceitamos. Contentamo-nos com aquilo que nos é imposto, que, na maioria das vezes, vale tão pouco que esquecemos quão bom é sentir a concretização de uma ambição. Aquele sentimento de conquista que nos faz sentir plenos, bem connosco próprios. Esta antagonia do “eu” a que somos expostos mal vimos ao mundo não faz sentido.

A partir deste padrão criamos medos que não nos deixam sair da zona de conforto e quebrar essas malditas imposições que nos fazem acreditar que as coisas são boas se forem planeadas, todas iguais e totalmente predefinidas. Como se já soubéssemos, à partida, aquilo com que contamos, o que podemos esperar, o que vamos viver e como vamos fazê-lo. Isto está tão errado.

Fazem-nos acreditar em algo que ao longo da vida revela ser totalmente o oposto. Como? Da pior maneira. Achamos que se fizermos tudo bem daremos tantos trambolhões como um sempre-em-pé e, no fim, passamos o tempo a ir ao chão. De cara, às vezes.

É certo que depende de nós fazer com que as coisas mudem, sair da nossa zona de conforto. E eu queria tanto ir passar uns dias à minha casa pequenina naquela praia onde o tempo está sempre bom. Mas, como em tantas outras ocasiões na vida, as circunstâncias não mo permitem… Especialmente porque a minha casa pequenina naquela praia onde está sempre bom não existe. E eu não sei viver sem ela.

~ um chá de circunstâncias ~

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Messy Hair

Quem nunca teve um turbilhão de pensamentos? Daqueles que nos deixam tão confusas ao ponto de não sabermos mais o porquê de estarmos confusas. Hum.. estranho, não é? Tudo isto tem tendência a acontecer naquelas fases em que olhamos para trás e vimos o quanto crescemos e o quanto já vivemos (ou pensamos ter vivido), e que foi devido a algumas circunstâncias que cada vez pensamos mais no que devemos ou não fazer, e nas consequências dos nossos atos.

Se acontece, é porque realmente vivemos. Mas vivemos agarradas a quem somos ou a quem gostaríamos de ser? Essa é a questão de uma vida inteira. Engloba todo o nosso mundo. Quem somos, para onde vamos, com quem vamos. Vivemos dia após dia, tal como deve ser feito. Mas fazemos algo que saia da nossa rotina? Arriscamos o suficiente? Atiramos-nos de cabeça? Ou simplesmente deixamos que o passado comande diariamente o nosso presente? É isto.. é isto que nos prende.

Prendemos-nos tanto ao nosso passado que nos vimos bloqueadas no presente. Pensamos que houve alturas em que simplesmente demos tudo de nós, que nos entregámos de corpo e alma e no final de contas, fracassámos. Sim, fracassámos. Na nossa cabeça o fracasso foi nosso, não foi de mais ninguém. Na nossa cabeça éramos nós que tínhamos que ter força suficiente para conquistar aquela pessoa que nos fazia tremer as pernas. Mentalizamos-nos tanto disso, que nos esquecemos que também merecíamos ser conquistadas. E quando do nada, chega o momento em que podemos vir a ser conquistadas, não queremos. Não queremos porque não queremos mais brincar, não queremos mais perder mais tempo, não queremos mais sentir novamente a sensação de fracasso. Então não arriscamos mais, acabamos por dançar, beber um copo de vinho, dar um beijo longo e acordamos no dia a seguir sem expectativas, sem dramas, sem dilemas, sem fracassos.

E quando ponderamos dar um passo em frente, vem o passado e coloca todas as dúvidas na nossa cabeça, questiona tudo novamente e faz-nos ter turbilhões de pensamentos como aqueles que tínhamos no início de tudo. Torna-se um ciclo vicioso porque acreditamos que um dia pode dar certo. E que aquele clichê “no passado tinha que dar errado para no futuro dar certo” seja real e aconteça. Mas aquela perguntinha surge sempre na nossa cabeça, “E se..?”.  Portanto, isto de tentar agir consoante o que queremos ou não, é como o nosso cabelo. Uns dias têm mais jeitos e há que decidir se utilizamos a placa para o tornarmos “simples e fácil” ou simplesmente deixá-lo como está, “rebelde e arriscado” de forma a contrariar os fracassos e dar voz ao destino.

Por isso, é fácil dizer “Hoje é o dia de fazer diferente”.. A verdadeira luta acontece quando nos deparamos com uma possível mudança no nosso quotidiano, e aí sim somos corajosos o suficiente para enfrentar essa mudança e arriscar mesmo sabendo das duas possíveis faces da moeda, ou deixamos que o medo nos retraia?

Hoje é dia de turbilhão de pensamentos, certo?

~um chá e um turbilhão de pensamentos~

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O Tempo e o Amor … poderiam não ser efêmeros

O tempo…

Levamos a vida a contar as horas, os minutos, os segundos, até o tic-tac do ponteiro do relógio. Horas para isto, horas para aquilo…na verdade, levamos a vida como se de um iogurte com prazo de validade se tratasse, e deixamos muitas vezes de dar importância ao que verdadeiramente importa: a essência do tempo.

O tempo é algo tão efémero, tão momentâneo, tão irreversível, tão escasso, que quase vivemos como se não pudéssemos esgotar esse bem tão precioso na vida.

O quão é bom desfrutar de um pôr do sol à beira mar, fechar os olhos e sentir o vento na cara, a brisa no corpo; o quão é bom fechar os olhos e dormir sem hora para acordar, o quão é bom ficar no sofá sem que nada apeteça fazer; o quão é bom sair de casa sem saber onde ir e acabar no café com uma amiga à conversa e sem dar conta já
la vão uns copitos; o quão bom é estar por estar porque não se sabe o que vem a seguir… Bom, isto quase parece querer viver a vida de improviso e imprevisto, mas na verdade bom seria se de vez em quando abríssemos a panela de pressão para espreitar o cozinhado, se de vez em quando parássemos o relógio do tempo que nos impõe
validade nas rotinas do dia-a-dia e reflectíssemos no seguinte: afinal o que andamos aqui a fazer?

Infelizmente ou felizmente a minha experiência no ramo profissional têm-me dado boas tardes e noites de reflexão, de pensar no que realmente importa.

Nós, pessoas, não somos nada mais do que átomos, somos feitos de energia e a nossa fragilidade é dantesca ao ponto de num segundo, num abrir e fechar de olhos tudo mudar, como se de um filme se tratasse, em que as imagens passam à velocidade da luz e num minuto consegues ter o resumo de uma vida. Posto isto, e considerando que a energia que me move é o amor, acredito que cada vez mais colho do meu jardim aquilo que planto, e atraio para mim aquilo que quero, às vezes não parece, mas na verdade é tudo uma questão de perspectiva. O amor, aquele sentimento de que toda a gente fala, que envolve multidões e tantas vezes destrói partes de corações, porque sim, o amor é difícil, e amar então… uff. Amar é complicado, mas amar deixa-nos livres e faz-nos não estar limitados neste tempo. Tempo que nos obriga a amar de repente porque a “vida é curta e são dois dias”, de repente porque os sentimentos surgem como se de uma promessa se tratasse, de repente porque o amor é um bem tão escasso quanto o tempo e nem sempre conseguimos entendê-lo na sua pequena essência.

O comboio da vida permite-nos que entre gente, percorra caminho e saía quando assim tiver de ser e as paragens que vamos fazendo no percurso do tempo levam um pouco de nós e deixam um pouco de gente. Na verdade, e querendo eu falar no sexo oposto, porque acredito que a mulher faz o homem e o homem faz a mulher, considero não ser fácil esta coisa de nos apaixonarmos, chegarmos a amar alguém e queremos essa pessoa “sempre”, sempre nas nossas vidas. Mas calma, a paixão e o amor são coisas diferentes e na verdade ninguém fica para sempre nas nossas vidas, nada é eterno.

Compreendo quase como uma falácia o facto de querermos alguém para sempre nas nossas vidas, pelo simples facto de que nascemos e morremos sozinhos. No entanto, não deixo de concordar que o amor é o combustível do comboio que tantas vezes nos custa a conduzir, o comboio que às vezes vai tão embalado e se vê obrigado a parar, o comboio que sempre parte e sempre chega. O amor é tão mais do que um sentimento, é tão mais que tudo, que às vezes chega a ser impensável que tenha de ser cronometrado. Por isso não vale a pena pensarmos que temos de ir buscar fontes de amor aqui e ali, porque o amor está em nós e é no fundo ele que nos leva para a frente.

Às vezes apetece-me gritar “basta” ao mundo, porque um minuto pode ser perfeito e no entanto, existe uma vida cheia de imperfeições. Basta de cronometrar e estabelecer um tempo para isto e para aquilo, porque o que tiver de ser terá a força do amor que semearmos em nós mesmos e isto torna-se uma coisa multidirecional. Não importa o que temos hoje, importa aquilo que somos hoje e seremos amanhã, porque o que somos morre connosco, isso é certo!

E porque isto para mim é como se diz o “pão nosso de cada dia”, sim, vejo morrer pessoas quase todos os dias e posso dizer que o nosso corpo é só o nosso corpo, as pessoas que nos amam são só as pessoas que nos fazem partir em paz, as que nos são indiferentes e em nada nos acrescentam vamos triando por essa vida fora, as que por
algum momento da nossa vida nos magoaram, as que nos fizeram chorar, sorrir,tremer de medo, sentir borboletas na barriga, apaixonar, salta de alegria, são só as pessoas que… e o resto pessoas, é só o resto, porque desta vida o que deixamos é quase nada para o tesouro que levamos connosco.

~um chá com tempo e com amor ~

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Vamos oferecer 10 bilhetes duplos para a FIA … sim 10 !!!

A Feira Internacional do Artesanato faz 30 anos e como já é habitual, o headshake não ficou de fora e juntou-se ao maior evento de artesanato da Península Ibérica. 

Adoramos tudo, desde a gastronomia às mais diversas bijuterias, mas a nossa parte preferida é o pavilhão internacional, onde é impossível entrar e sair sem comprar nada. Já tentámos várias vezes não cair na tentação, mas é mesmo impossível. Aproveitem o nosso passatempo e comprovem!!!

A FIA é que faz anos, mas os nossos leitores é que vão ser premiados com 10 bilhetes duplos para visitar a feira, que acontece na FIL até dia 2 de Julho. É possível visitar a FIA das 15h00 às 00h00 por isso não há desculpas para não dar um saltinho até à FIL.

Lançamos hoje o Passatempo FIA 2017. Participar é fácil, basta preencher o formulário em baixo. Para que o passatempo seja justo, vamos recorrer ao método http://www.random.org.  para escolher os 10 vencedores. Já sabes que para a tua participação ser válida tens que ter colocado like nas duas seguintes páginas:

https://www.facebook.com/FIA.FIL/

https://www.facebook.com/headshakeblog/

O Passatempo FIA 2017 começa hoje, dia 26 de Junho e termina dia 28 às 12h00. Os vencedores serão contactados por e-mail, por isso, fica atento(a) à tua caixa de e-mail. 

 

~toma um chá e boa sorte ~

 

 

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UberSessions: Uma viagem à boleia da música

Quando falamos em Uber, o tema é controverso. Mas hoje diríamos no mínimo surpreendente. Maio trouxe-nos à boleia e levou-nos à festa. Nos dias 18 e 19 de Maio, a Uber em parceria com a Carlsberg trouxeram a lugares especiais e quase mistério concertos de música portuguesa às cidades de Lisboa e Porto – as UberSessions


Uma iniciativa inteiramente gratuita, este é um evento muito interessante. Exclusivo para os utilizadores deste serviço, as UberSessions trazem bandas nacionais, desde o rock à eletrónica, a lugares secretos da cidade. E o secretismo começava precisamente na app. Com alguns truques na óptica do utilizador, para participar e assistir a estes concertos, bastava aceder à app e selecionar UberSessions. E aqui começa a aventura, o truque seria ao invés de fazer slide direita-esquerda o user deveria fazer esquerda-direita e aí aparecia então o ícone “UberSessions”. Para nós, um grande achivement na app e um ponto positivo. Como UberStar, chega a nossa boleia, BMW serie 1, com um logo UberSessions no tabelier, uns pequenos leds verde interior à la Carlsberg e uma companhia muito simpática. Com destino incerto, mas tínhamos um palpite que não falhou muito. Chegamos então ao Village Underground, bem-recebidas com umas pequenas ofertas assim assistimos um pouco ao concerto de DaChick, a Orelha Negra e Branko.

Uma vez exclusivo e com lotação limitada, a UberSessions não deixou ninguém de fora permitindo a todos os interessados, assistir a todos os concertos em directo no Facebook! São só pontos positivos e uma experiência surpreendente e a repetir!

~ um chá à boleia da música ~

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Cuidem de vocês e sejam felizes

O nosso Chá do Manifesto começou há mais de dois anos com uma crónica sobre a “Conversa do Bandido” e a verdade é que cada vez mais concordo com ela.

No último ano vivi duas situações muito difíceis que colocaram em causa toda a minha auto-estima, o meu valor e a minha dignidade. Primeiro com um namorado que nada tinha de compatível comigo, que queria saber todos os passos que eu dava, ao ponto de ser tão ciumento que me afastei da maioria dos meus amigos. Deixei de puder ser espontânea, porque não podia sorrir ou dizer piadas na presença dele. Tinha de pensar sempre antes de falar.

Tínhamos também formas de viver muito diferentes. Ele idealiza uma mulher que seja calma, que dê pouco nas vistas, que tenha pouca opinião e que arrisque pouco. No fundo, uma mulher igual a tantas outras, que acabe por ser totalmente submissa.

Aprendi muito com ele. Acima de tudo, retiro a lição mais importante: amar é sermos nós próprias e que sem amizade nenhum namoro faz sentido. Eu quero aventura, quero extravagância, quero rir muito. No fundo, quero ser eu própria, uma rapariga fora da caixa. Quero dizer o que me vem à cabeça, mesmo que seja a coisa mais disparatada do mundo e que ele me entenda ao ponto de dizer algo ainda mais disparatado.

Ele ensinou-me que nós mulheres não nos devemos rebaixar por seja quem for. Não guardo rancor, mas com ele a ansiedade entrou na minha vida. Foram vários os ataques de ansiedade que se apoderaram de mim com aquela relação extremamente tóxica.

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Posso mesmo afirmar que o que me tem salvado é o desporto. O desporto, o amor da família e dos bons amigos.

Mais tarde, apareceu alguém que parecia ser mais compatível comigo. Tinha sentido de humor, gostava de comunicar como eu. Mas desde o início eu reparei que ele tinha a típica “conversa do bandido”. Apesar de estar totalmente fascinada com ele, à primeira contrariedade ele saiu da minha vida sem dó nem piedade, quando a ansiedade ainda fazia parte do meu dia-a-dia.

Hoje olhei-me ao espelho. Concluí que a dona da minha vida sou eu própria. Que não preciso de homem nenhum para ser feliz.

No entanto, tudo isto me revolta. Cada vez mais as mulheres se deixam levar pela “conversa do bandido” e dão cabo da auto-estima e do amor próprio.

Senão te aceita tal e qual como tu és, então essa pessoa não serve para a tua vida. Senão podes ser espontânea e te impõe uma personalidade igual à de todas as outras mulheres afasta-te imediatamente. Se te manda abaixo e desaparece quando mais precisas, essa pessoa não é digna sequer da tua amizade.

Hoje mais do que nunca o meu amor-próprio está a salvo. A minha auto-estima está livre destas “canções do bandido”.  Sou apenas eu, os amigos, a família e tudo aquilo que me põe feliz. A ansiedade está a desaparecer dia após dia. E sempre que pratico desporto, agradeço por ele me salvar a vida.

Portanto, sejam fortes o suficiente para mandar embora quem não vos aceita e quem vos controla. Sejam fortes para cortar das vossas vidas quem usou a vossa fragilidade para obter o que tanto queria. Na maioria das vezes os homens apenas querem sexo. E descartam-vos ao primeiro obstáculo.

A partir de agora acabou a “canção do bandido”. Eu quero um amigo, um companheiro, alguém que esteja lá para mim e me respeite. Que não me abandone só porque algo na minha vida não vai bem.

Descobri que o amor de um bom amigo, de um animal de estimação e de quem nos adora como somos é algo que devemos preservar na nossa vida. E que nenhum dinheiro do mundo paga o afeto da nossa família, a liberdade de uma corrida, de um passeio pela natureza. Somos a geração em que ter está acima do ser. E eu não quero viver assim…nem nunca mais vou cair na “conversa do bandido”. Infelizmente, eles fazem fila indiana por aí.

Agradeço a eles por me transformarem numa mulher mais forte! Tão forte que agora acordo todos os dias com a alegria de puder ser eu própria sem depender de ninguém.

Sejam vocês mesmas, as outras já existem!

A vida é demasiado curta para sermos iguais ao mundo interior! Preguem um murro na mesa. Não deixem ninguém vos controlar. Não deixei ninguém usar vocês.

“Sometimes you have gotta fall before you fly”

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 ~Um chá de força cheio, por favor~

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Ser mulher, e não ter Abril!

Documento fundador do Estado Novo, a Constituição Política da República Portuguesa de 1933 foi a constituição política que vigorou em Portugal durante o regime fascista de António Oliveira Salazar até 1974, aquando deposto pela Revolução de 25 de Abril. 

Importa frisar que, embora o texto da constituição mencionasse plebiscito, na realidade esta nova constituição seria aprovada em referendo em 1933, onde as abstenções foram contadas como votos a favor, falseando o resultado. Assim, a Constituição de 1933 foi aprovada e representava a concretização dos ideais de Salazar, onde e convenientemente concentrava em si todos os poderes e se tornaria “Chefe” da Nação portuguesa, implementando o seu modelo político – O Estado Novo. A constituição estabelecia pelo princípio de igualdade entre os cidadãos…Mas, por factores relacionados com a sua natureza, com o bem-estar da sua família e como seu elemento unificador, mulher nunca teve um estatuto de independência ou de igualdade, tanto na família como na sociedade. A mulher era considerada um ser inferior ao homem. Assim ditavam as mentalidades mais conservadoras e o próprio regime, assente na trilogia “Deus, Pátria e Família”, onde a mulher deveria ocupar-se do lar e da família. 

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A mulher casada vs. mulher solteira

Dentro da família, os direitos da mulher casada eram exercidos pelo marido, ele determinava o que a mulher, sua esposa poderia ou não fazer. Ir ao estrangeiro requeria autorização do seu marido, tal como, para trabalhar. A mulher solteira exercia os seus direitos ausente da autorização do homem, quase poderíamos dizer que a mulher casada tinha menos direitos que a mulher solteira

A mulher e o casamento

A idade do casamento era 16 anos para o homem e 14 anos para a mulher. A mulher, face ao Código Civil, podia ser repudiada pelo marido no caso de não ser virgem na altura do casamento. Os casamentos católicos era indissolúveis, ou seja, o divórcio era proibido. Além de que, os filhos nascidos após o primeiro casamento eram considerados ilegítimos, o seu registo impedia o nome do marido actual, sendo em alternativa assumidas com filhos de “mãe incógnita” ou recebendo o nome do primeiro marido.

As mulheres enfermeiras e professoras

As mulheres enfermeiras não podiam casar, e as professoras não podiam casar com qualquer pessoa. As professoras só podiam casar com a autorização do Ministro, concedida apenas desde que o noivo demonstrasse ter “bom comportamento moral e civil” e meios de subsistência adequados ao vencimento de uma professora. Em 1936, o Ministério da Educação proibiu as professoras de usar maquilhagem e indumentária que não se adequasse à “majestade do ministério exercido”.

A mulher e as profissões

A mulher não podia exercer nenhum cargo político, profissões como magistratura, diplomacia, política eram profissões exclusivas para exercício do homem.

A mulher e a educação

Durante alguns anos, até a escolaridade básica para as mulheres era de apenas três anos, enquanto para os homens era de quatro anos. Salazar considerava que bastava saber “ler, escrever e contar”. 

A mulher e o direito ao voto

Apenas as mulheres que fossem chefes de família (se fossem viúvas, por exemplo), tivessem terminado o ensino secundário ou ensino superior poderiam votar. Ao homem apenas lhe era exigido saber ler e escrever. As mulheres apenas podiam votar para as Juntas de Freguesia no caso de serem chefes de família , tendo para isso de apresentar atestado de idoneidade moral. Em 1968 a lei estabeleceu a igualdade de voto para a Assembleia Nacional de todos os cidadãos que soubessem ler e escrever. O facto de existir uma elevada percentagem de analfabetismo em Portugal, que atingia sobretudo as mulheres, determinava que, em 1973, apenas houvesse 24% dos eleitores recenseados.

A mulher e o trabalho

Em 1974, apenas 25% dos trabalhadores eram mulheres. Apenas 19% trabalhavam fora de casa (86% eram solteiras; 50% tinham menos de 24 anos). Ganhavam menos cerca de 40% que os homens. A lei do contrato individual do trabalho permitia que o marido pudesse proibir a mulher de trabalhar fora de casa, tal como, se a mulher exercesse actividades lucrativas sem o consentimento do marido, este podia rescindir o contrato.

A mulher e a família
O único modelo de família aceite era o resultante do contrato de casamento. A família é dominada pela figura do chefe, que detém o poder marital e paternal. Salvo casos excepcionais, o chefe de família é o administrador dos bens comuns do casal, dos bens próprios da mulher e bens dos filhos menores. O Código Civil determinava que “pertence à mulher durante a vida em comum, o governo doméstico”. Distinção entre filhos legítimos e ilegítimos definiam também diferentes direitos. Mães solteiras não tinham qualquer protecção legal. A mulher tinha legalmente o domicílio do marido e era obrigada a residir com ele. O marido tinha o direito de abrir a correspondência da mulher. O Código Penal permitia ao marido matar a mulher em flagrante adultério (e a filha em flagrante corrupção), sofrendo apenas um desterro de seis meses.

A mulher e a saúde sexual e reprodutiva

Os médicos não estavam autorizados a receitar contraceptivos orais, a não ser a título terapêutico. A publicidade dos contraceptivos era proibida. O aborto era punido em qualquer circunstância, com pena de prisão de 2 a 8 anos. Estimavam-se os abortos clandestinos em 100 mil/ano, sendo a terceira causa de morte materna. Cerca de 43% dos partos ocorriam em casa, 17% dos quais sem assistência médica. Muitos distritos em Portugal não tinham maternidade. A mulher não tinha o direito de tomar contraceptivos contra a vontade do marido, pois este podia invocar o facto para fundamentar o pedido de divórcio ou separação judicial.

A mulher e a Segurança Social

As mulheres, particularmente as idosas, tinham uma situação bastante desfavorável. A proporção de mulheres com 65 anos e mais que recebia pensões era muito baixa, assim como os respectivos valores.

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Numa sociedade desigual e reprimida,  depôr o regime era a vontade de todos. Com algumas reuniões clandestinas preparava-se aquela que viria ser a revolução e  fim deste regime autoritário. Embora seja o nosso foco neste chá do manifesto, a repressão não se restringia apenas às mulheres. Assim na madrugada de 24 de Abril de 1974, os capitães avançam com uma movimentação secreta e estratégia até Lisboa. E na manhã de 25 de Abril, o Movimento das Forças Armadas de forma pacífica derrubou o regime fascista de Salazar. Os cravos que uma florista levava para a decoração de um casamento nessa mesma manhã floriram nas espingardas dos militares. Chegara o fim da repressão, da desigualdade, do autoritarismo.

A Revolução dos Cravos representaria assim, e sobretudo para as mulheres portugueses, uma revolução autêntica. O caminho para a conquista de um lugar digno na sociedade, em igualdade de cidadania e não no lugar submisso até então. Agora e hoje, de cravo ao peito cantemos a liberdade.

~Um chá de cravo, manifesto e liberdade ~

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Beijos de mudança

Ainda que muito discreto, é o primeiro beijo homossexual numa animação da Disney.

Completamente inédito nos trabalhos desta grande produtora , acontece no episódio 22 da série “”Star vs. The Force of Evil”, emitida nos Estados Unidos da América.

O beijo surge na sequência cénica quando a protagonista Star Butterfly e o seu melhor amigo Marco assistem a um concerto e, quando a banda começa a tocar  o tema “Just Friends”, todos os casais presentes beijam-se, entre os quais surge um beijo entre dois rapazes (na verdade vários casais homossexuais, porque o beijo soltou-se entre rapazes e raparigas ou só raparigas).

Disney exibe os primeiros beijos gay

A estreia de um beijo gay na Disney ocorre após os realizadores de Vaiana terem declarado que apoiam totalmente a ideia de no futuro terem uma princesa LGBT (lésbica, gay, transgénero) num dos filmes da produtora de animação.

Esta cena, foi destaque na revista “Attitude”, revista que se dedica ao estilo de vida homossexual, mais voltada para o público gay. Um beijo que provocou alguma controvérsia, mas que nós aplaudimos. Conhecemos a realidade, a sociedade, o preconceito e a discriminação, e portanto, este é apenas um beijo discreto, mas que esperamos se venha a repetir.  Pois são beijos de mudança. Mudança para nova mentalidade, para abertura e compreensão, para o abraço, para o beijo.

Tal como a educação sexual é importante para os mais jovens, o debate sobre questões homossexuais também é. E são nas camadas mais jovens que se fazem as grandes mudanças no futuro. Esperemos mesmo que se repitam, porque somos o que nos ensinam a ser!

~ um chá sem preconceito ~
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Um novo mês chega e com ele um grande amor! [passatempo]

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Hoje damos as boas-vindas a um novo mês. E que tal iniciarmos o mês de Março com um fantástico passatempo? Mas não é um passatempo qualquer…é daqueles que o headshake adora, uma vez que vos coloca mais perto da 7ª arte. E, vamos confessar, uma ida ao cinema é sempre um ótimo programa. Verdade?

Desta vez queremos oferecer-vos 10 bilhetes duplos para a ante-estreia do filme “Um Reino Unido” [5 bilhetes duplos para o El Corte Inglés Lisboa e 5 bilhetes duplos para os UCI Cinemas Arrábida 20 Gaia] no dia 06 de março, pelas 21h30 em Lisboa e dia 08 de março, pelas 21h30 em Gaia.Só vos dizemos uma coisa: WOW!

História: No final da década de 1940, Seretse Khama (David Oyelowo) e Ruth Williams (Rosamund Pike) conhecem-se em Inglaterra. De imediato há algo que os atrai mutuamente. Encontram-se, aproximam-se, admiram-se e apaixonam-se intensamente. Nasce um verdadeiro e grande amor que tinha tudo para ser uma perfeita história romântica…não fosse o contexto em que se encontrava: a implementação da política do Apartheid de Daniel Malan. Tendo em conta que Seretse Khama é negro e príncipe herdeiro do Botsuana e Ruth Williams é branca e britânica, a sua união não só enfrentava um forte preconceito social e familiar, como representava uma afronta política e o princípio de uma guerra com a África do Sul que o Reino Unido não tinha qualquer interesse em despoletar.

“Um Reino Unido” vai além do retrato de uma história de amor verídica, expondo o impiedoso contexto em que esta se desenrolou e de como Seretse e Ruth se impuseram perante todas as contrariedades, ficando na História pela coragem de enfrentarem e derrotarem um império. O casamento foi descrito por Nelson Mandela como “Uma brilhante essência de luz e inspiração”. 

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Não vos dissemos que era WOW?! Parece-nos que vamos sair da sala de cinema lavadas em lágrimas…certo?! E vocês também podem ir. Basta para isso seguir os seguintes passos:

  • Fazer like na página do headshake e do Cinemundo no Facebook
  • Fazer like na página do headshake no Instagram [opcional]
  • Preencher o formulário abaixo até dia 05 de março às 23h59 (permitida apenas uma participação por endereço de e-mail).

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Não podíamos ter começado um novo mês da melhorar maneira, certo? Boa sorte :)

~ um chá e uma história verídica.

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E depois do fim de um amor?

Esta é uma das perguntas que a maioria das mulheres ou jovens mulheres fazem diariamente. Primeiro que tudo um amor nunca se esquece. Fica para sempre na nossa pele e no nosso coração. Ele foi o raio de um idiota? Deixem lá isso: aprenderam mais do que pensam. Descobriram que depois de mais uma perda conseguiram sobreviver, voltar a sorrir e a estar com os amigos a beber o café do costume. No fundo, os amigos são os verdadeiros amores que levamos desta vida.

Contudo, não vos digo que é fácil. Vão sentir-se perdidas e angustiadas muitas vezes. Vão compensar todos esses sentimentos avassaladores com bons amigos, comprimidos, chocolate e momentos de maluqueira. Porque o que seria da vida sem esses tais momentos “fora da caixa”? Vão também ter recaídas e querer saber como ele está. Mas tudo não passa de uma ilusão, porque quando vos magoam uma vez, magoam a segunda ou a terceira. Aprendam que quem não vos compreende com um simples olhar e quem não fica convosco no meio de uma tempestade não é merecedor do vosso amor. Porque amor é amizade, é companheirismo, é altruísmo. 

As lágrimas vão-se, mas o aperto fica. Por isso é que o coração se fecha. Pensamos duas vezes antes de nos metermos noutra aventura, porque podemos partir uma perna ou o coração. Com o avançar da idade ficamos mais exigentes. Já não nos preocupamos se estamos sozinhas ou não, porque aprendemos a gostar da nossa própria companhia. E haverá algo melhor do que isso?

Só vale a pena partilhar o nosso amor com quem realmente esteja para ficar, que nos toque no cabelo com carinho e nos limpe as lágrimas. Que seja forte o suficiente para nos amparar numa queda e não fuja só porque somos “pesadas demais”. O amor só vale a pena quando é altruísta.

Por isso, mulheres ou jovens mulheres chorem muito com a perda do vosso amor. Não se esqueçam que ele vai ser uma recordação para sempre, que vos mudou a alma. Mas nunca deixem o vosso amor-próprio ir embora por ninguém. 

O amor é possível. Ele existe, em momentos de alegria, tristeza e maluqueira. O amor também é aventureiro, é estar à vontade e sermos nós próprias. Porque se assim não for não vale a pena investir em algo tão importante.

Custa voltar a acreditar. Mas enquanto o amor verdadeiro não chega invistam em vocês próprias e riam muito. Rir faz tão bem à alma!

No final de contas, as estações mudam. As pessoas entram e saem da nossa vida. Mas é reconfortante saber que quem amámos ficará para sempre no nosso coração.

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~ Um chá de conforto ~ 

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