WHAT'S UP

O sonho de uma vida! Casa comigo nem que seja em 2030…

Vivemos tempos incertos, de muitas dúvidas, alguma ansiedade, principalmente por não nos ser permitido fazer planos a longo prazo ou por sermos obrigados a alterar os que já dávamos como adquiridos. Há quem diga que este é o maior ensinamento da pandemia. Viver com mais resiliência, sem grandes planos, aprender a saborear um dia de cada vez, viver com mais intensidade o agora.

No entanto, planos representam mudança, a realização de sonhos, o início e fim de etapas. Muitas vezes envolvem custos, sacríficos, escolhas, decisões e tudo isto cria e desenvolve em nós, de forma quase irracional, as expectativas. São elas que dão alma aos nossos desejos mais íntimos e nos fazem acreditar que tudo é possível.

Em plena pandemia, muitos de nós, se não todos, vimos os nossos planos, ou especificamente algum ser adiado ou cancelado. Mas hoje, queremos destacar em concreto, o que é para muitos o sonho de uma vida, planeado ao pormenor às vezes durante anos, com o coração e o sonho à mistura, vamos falar “do casamento”.   

“Fiquei super triste e achei que ia ser péssimo adiar. Sempre quis casar, sempre sonhei com isso, sonhas imenso com uma coisa e rapidamente percebes que isso não vai acontecer, pelo menos na data que estava planeada.”

A Ana e o Jaime marcaram o seu casamento para dia 19 de setembro de 2020. Na altura, abril/maio de 2019, estavam certos de que tinham um sonho que partilhavam e queriam acima de tudo poder festejar com amigos e família num dia especial, no Alentejo, com um tempo mais amenos e dentro da disponibilidade do espaço onde iria ser a festa.

Desconheciam por completo, que o mundo inteiro iria viver uma crise pandémica com graves consequências em todos os sectores. Na altura, abril de 2020, a 5 meses da data do casamento, a covid era totalmente desconhecida e a Ana contou-nos que não sabiam “com o que contar”, caso avançassem com a festa. Por isso, pelo medo do desconhecido e por questões de segurança, decidiram adiar. Ao contrário de muitos casamentos que viram acontecer nesse verão com regras e restrições apertadas, preferiram adiar e manter os seus aproximadamente 250 convidados.

A segunda data foi marcada, para dia 19 de junho de 2021. “Quisemos manter o número 19, como se fosse uma lembrança do primeiro que não aconteceu” contou-nos a Ana. E a verdade é que voltou a não acontecer. No início deste ano, a Ana e o Jaime começaram a perceber que a situação pandémica só se agravava e isso colocaria novamente a sua segurança e a dos seus convidados em risco, o que provavelmente obrigaria a uma redução da lista de convidados e isso estava fora de questão.

Tínhamos pessoas que não iriam estar connosco no que é suposto ser o dia mais feliz das nossas vidas. Temos amigos e família no estrangeiro, e o feedback dessa parte é que de facto era muito difícil conseguirem cá estar. E mesmo de quem vive em Portugal, notámos sempre um certo desconforto. De qualquer das formas, nós já não estávamos confortáveis com a situação de avançar este ano”. Para piorar, o Jaime por trabalhar por conta própria foi muito afetado com toda a situação e decidiram adiar. A Ana contou-nos que felizmente não perderam dinheiro e que mantiveram todos os serviços até então contratados, sem ter de pagar mais por isso. No entanto, com o casamento adiado uma segunda vez, surgem questões com alguma tristeza. “Fico ansiosa quando penso que comecei (começamos) a preparar tudo em 2019, e no final de contas só casamos em 2022.”

Pessoalmente, fico com imensas questões “será que já não gosto da quinta?” “a última vez que vi o meu vestido foi em outubro de 2020, e nem sequer estava acabado, em 2022 já nem devo gostar dele”

Apesar das adversidades, a Ana diz que estão otimistas, conseguem ver vantagens em adiar e que estão confiantes que à terceira é de vez. “O pensamento é mais ou menos este “só casamos uma vez, que seja como queremos, com quem queremos”

A Maria e o João (nomes fictícios) também passaram pela experiência de ter de adiar o seu casamento, devido à situação pandémica que teve início em março de 2020. Tinham planeado casar a 5 de setembro de 2020, pelos mesmos motivos da Ana e do Jaime, seria uma data com um tempo mais amena, dado o calor habitual do Alentejo.

A quinta onde iriam realizar a festa fez alguma pressão para adiarem, devido às restrições e às regras apertadas. A Maria confessou-nos que possivelmente, se não tivessem sido pressionados, teriam mantido a data do casamento e casariam com metade dos convidados, dado que, tiveram de reduzir a lista para a segunda data.

O adiamento do casamento, levou-os a mudar o local da festa, quiseram precaver-se e ter um espaço que mesmo com as restrições (50% da lotação do espaço) pudesse receber o máximo de pessoas possível. A Maria contou-nos que perderam o sinal que já tinham pago no sítio inicial, mas que não lamentam, gostam mais e há melhores condições na quinta onde irá agora ser o casamento. A festa está marcada para maio de 2021. “Casamos numa quinta diferente, da qual gostamos mais, e com os nossos avós já vacinados (eu também já estou vacinada, assim como vários amigos meus que trabalham em hospital).”

acho que tem tudo para correr melhor, embora estejamos dependentes das indicações do Governo acerca dos casamentos para este verão.”

Quando perguntamos à Maria se alguma vez pensaram em desistir do casamento, ela respondeu: “Nunca pensámos em desistir, mas claro que custou um bocadinho aceitar, o ano passado. Este ano já estamos muito mais tranquilos em relação a isso, já decidimos que não queremos adiar mais um ano porque não nos faz sentido continuar a adiar este sonho. E porque queremos muito ser pais, mas queremos casar primeiro (…) se não for possível já para maio, estamos a pensar adiar para junho, julho deste ano.”

Segundo o Daniel responsável pela “Prometo Amart-te“, wedding planners, a pandemia afetou bastante os casamentos. O que parecia ser um ano promissor, o melhor em número de casamentos agendados, tornou-se num pesadelo para as empresas do sector e numa desilusão para os casais que tinham o seu dia há muito planeado.

“Com a chegada da pandemia, de facto tudo mudou. Tivemos uma quebra de faturação, superior a 80%, sendo que adiámos 90% dos nossos casamentos para 2021. Infelizmente, alguns de 2021, já foram igualmente, adiados para 2022. O que representa uma grande preocupação para o nosso setor. Dois anos, sem produzir é catastrófico a nível de faturação, como também no crescimento dos projetos!” O Daniel esclareceu que apesar das dificuldades do sector, pretendem manter a excelência dos seus serviços, dando preferência à qualidade dos materiais e à origem da sua produção e claro, mantendo a experiência do cliente sempre como prioridade.

Quando perguntámos qual a importância de recorrer a um wedding planner, ainda para mais em tempos incertos em que existem muitas regras e tantas restrições, o Daniel esclarece, o facto de uns noivos terem o apoio de um wedding planner, ajuda a que consigam desfrutar de uma forma mais leve de todo o processo, para que possam viver livremente todas as memórias inesquecíveis do grande dia!

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TIPS, WHAT'S UP

Decidir entre ficar ou viver uma nova história

Se foi uma decisão fácil?

Não! Eu sou uma pessoa muito ponderada.

Se correu tudo bem, tal como eu tinha planeado?

Também não, as coisas nem sempre correm como nós as planeámos.

Se pensei em desistir?

Quem nunca! Mas depois percebi que desistir é sempre o caminho mais fácil, para tudo na vida!

Se me arrependo?

Não, caso me arrependesse não faria sentido partilhar esta minha experiência com vocês. 

Se ficaram com curiosidade para saber mais, continuem a ler…

Olá!

O meu nome é Rita, tenho 29 anos, sou licenciada em Relações Públicas e Comunicação Empresarial, mas o que gosto mesmo é de marketing.  Também gosto de viajar, dançar, fotografar e passar bons momentos com os amigos e com a família. 

Vivi os últimos 9 anos em Lisboa e no final de 2018 aceitei o desafio de deixar o meu país e sair da minha zona de conforto. A Headshake desafiou-me a partilhar esta minha experiência e tenho esperança que pelo menos uma pessoa que leia este texto se identifique com ele, caso contrário é uma boa forma de passarem o tempo.

quando certo dia o meu namorado me perguntou o que é que eu achava da hipótese de irmos viver para Madrid.

2018 (parece que foi noutra vida), quando certo dia o meu namorado me perguntou o que é que eu achava da hipótese de irmos viver para Madrid. Conhecer uma nova cidade, uma nova cultura, relativamente perto de Portugal, com outras oportunidades profissionais…

Ao que respondi de imediato e bruscamente: “ Nem pensar! Vai tu”. 

Depois de algum tempo a pensar naquela proposta, depois de pedir opiniões a várias pessoas e depois de fazer uma análise entre prós e contras de embarcar nesta aventura, pensei… Why not? O que é que tenho a perder? 

Mudei-me então para Madrid em Outubro de 2018, para um pequeno apartamento no coração de Madrid. Os meus objetivos eram conhecer a cidade, aprender uma nova língua e arranjar trabalho numa empresa de marketing digital espanhola. 

pensei várias vezes “ Rita, o que é que tu foste fazer à tua vida?”

Vamos por pontos…

Conhecer a cidade: visto que estava a viver no centro da cidade, foi incrível porque consegui ir conhecendo todos os recantos de Madrid e pude experienciar a vivacidade e a alegria que nuestros hermamos têm e que só estando cá se consegue sentir e viver. 

A cultura espanhola é muito diferente da portuguesa, querem ver?

Para eles tudo é motivo de festa, aliás acho que nem precisam de nenhum motivo em especial, só o facto de estarem vivos é um motivo para celebrar. O nível de decibéis é muitoooo superior ao Português, mas é uma questão de hábito.  A casa serve apenas para dormir, porque o resto do tempo é passado na rua (durante o fim de semana) entre amigos, copas y tapas. Cá não existem doutores, imaginem a confusão que me fez ao início tratar o meu chefe e as pessoas mais velhas do que eu que trabalhavam comigo por TU!

Também os nossos amigos e família, adoraram a ideia de nos mudarmos para Madrid e assim terem um motivo para virem cá com mais frequência. Nós também adorávamos a ideia de os receber em Madrid e assim podermos passar algum tempo juntos.

Aprender uma nova língua: Para meu grande espanto ( que achava que tinha zero jeito para línguas e nunca na vida tinha tido aulas de espanhol) fiquei surpreendida comigo mesma. Fui aprendendo através de aplicações, através de pequenas tarefas do dia a dia como ir à farmácia ou ao supermercado e mais tarde na empresa para onde fui trabalhar, onde diariamente falava espanhol com os meus colegas. 

Arranjar trabalho numa empresa de marketing digital: Até ao final de 2018, apesar de já estar em Madrid, continuava a trabalhar para a empresa Portuguesa onde estava a trabalhar. Mentiria se viesse para aqui dizer que foi super fácil arranjar trabalho e que não pensei várias vezes “ Rita, o que é que tu foste fazer à tua vida?”

Ao fim de dezenas de CVs enviados,  algumas entrevistas realizadas e muito “não” recebido, lá chegou o tão esperado SIM! Claro que o ideal e recomendado, para quem quer embarcar numa aventura semelhante, será ter um contrato de trabalho antes de fazer a mudança. 

A adaptação à nova cultura empresarial, colegas e metodologia de trabalho foi bastante rápida, simples e prática. Talvez o facto de não existirem “Doutores” como referi anteriormente, tenha contribuído para isso. Senti uma grande proximidade e à vontade para colocar dúvidas e fazer sugestões junto da própria chefia.  

a empresa onde trabalhava foi brutalmente atingida e consequentemente todos os que lá trabalhavam, incluindo eu, que de um momento para o outro me vi sem emprego

A experiência estava a ser enriquecedora, com novas oportunidades diárias e muita aprendizagem, até que…aconteceu o que ninguém poderia prever e que acabou por nos atingir a todos, uma Pandemia Mundial! Como assim? Como assim, algo que não é visível nem palpável que aparece, não sabemos muito bem de onde, nem por que motivos e que vem mudar totalmente as nossas vidas?

Tal como tantas empresas pelo mundo, também a empresa onde trabalhava foi brutalmente atingida e consequentemente todos os que lá trabalhavam, incluindo eu, que de um momento para o outro me vi sem emprego. Seguiram-se dias, semanas e meses de procura de um novo emprego, uns dias com mais motivação do que outros.

No entanto, não desisti e decidi aproveitar este “tempo livre” para investir na minha formação profissional, acabando por fazer algumas formações online e colocando em prática muito do conhecimento que fui adquirindo ao longo do tempo.

Ninguém conseguia imaginar as proporções que esta pandemia iria atingir. Recordo-me que no início de Março o nosso chefe nos chamou para uma reunião e disse que como medida de prevenção seria melhor começarmos a trabalhar a partir de casa na semana seguinte, mas que seria algo provisório, porque dentro de duas semanas faríamos um ponto de situação e voltaríamos ao escritório (achava ele… e achávamos nós). 

Passado quase um ano desde o início desta pandemia, sabemos que, tal como diz o ditado “não há mal que dure para sempre, nem bem que nunca acabe”, toda esta situação irá terminar e estou certa que será para todos uma grande lição de vida. Lição de que não conseguimos controlar tudo o que se passa à nossa volta, lição de que juntos somos mais fortes e lição de que não vale a pena fazer planos a longo prazo, porque nunca sabemos o dia de amanhã.

Quanto a mim, continuo firme e focada em voltar ao mercado de trabalho neste mundo que se tornou tão remoto e digital.

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