TIPS, WHAT'S UP

Decidir entre ficar ou viver uma nova história

Se foi uma decisão fácil?

Não! Eu sou uma pessoa muito ponderada.

Se correu tudo bem, tal como eu tinha planeado?

Também não, as coisas nem sempre correm como nós as planeámos.

Se pensei em desistir?

Quem nunca! Mas depois percebi que desistir é sempre o caminho mais fácil, para tudo na vida!

Se me arrependo?

Não, caso me arrependesse não faria sentido partilhar esta minha experiência com vocês. 

Se ficaram com curiosidade para saber mais, continuem a ler…

Olá!

O meu nome é Rita, tenho 29 anos, sou licenciada em Relações Públicas e Comunicação Empresarial, mas o que gosto mesmo é de marketing.  Também gosto de viajar, dançar, fotografar e passar bons momentos com os amigos e com a família. 

Vivi os últimos 9 anos em Lisboa e no final de 2018 aceitei o desafio de deixar o meu país e sair da minha zona de conforto. A Headshake desafiou-me a partilhar esta minha experiência e tenho esperança que pelo menos uma pessoa que leia este texto se identifique com ele, caso contrário é uma boa forma de passarem o tempo.

quando certo dia o meu namorado me perguntou o que é que eu achava da hipótese de irmos viver para Madrid.

2018 (parece que foi noutra vida), quando certo dia o meu namorado me perguntou o que é que eu achava da hipótese de irmos viver para Madrid. Conhecer uma nova cidade, uma nova cultura, relativamente perto de Portugal, com outras oportunidades profissionais…

Ao que respondi de imediato e bruscamente: “ Nem pensar! Vai tu”. 

Depois de algum tempo a pensar naquela proposta, depois de pedir opiniões a várias pessoas e depois de fazer uma análise entre prós e contras de embarcar nesta aventura, pensei… Why not? O que é que tenho a perder? 

Mudei-me então para Madrid em Outubro de 2018, para um pequeno apartamento no coração de Madrid. Os meus objetivos eram conhecer a cidade, aprender uma nova língua e arranjar trabalho numa empresa de marketing digital espanhola. 

pensei várias vezes “ Rita, o que é que tu foste fazer à tua vida?”

Vamos por pontos…

Conhecer a cidade: visto que estava a viver no centro da cidade, foi incrível porque consegui ir conhecendo todos os recantos de Madrid e pude experienciar a vivacidade e a alegria que nuestros hermamos têm e que só estando cá se consegue sentir e viver. 

A cultura espanhola é muito diferente da portuguesa, querem ver?

Para eles tudo é motivo de festa, aliás acho que nem precisam de nenhum motivo em especial, só o facto de estarem vivos é um motivo para celebrar. O nível de decibéis é muitoooo superior ao Português, mas é uma questão de hábito.  A casa serve apenas para dormir, porque o resto do tempo é passado na rua (durante o fim de semana) entre amigos, copas y tapas. Cá não existem doutores, imaginem a confusão que me fez ao início tratar o meu chefe e as pessoas mais velhas do que eu que trabalhavam comigo por TU!

Também os nossos amigos e família, adoraram a ideia de nos mudarmos para Madrid e assim terem um motivo para virem cá com mais frequência. Nós também adorávamos a ideia de os receber em Madrid e assim podermos passar algum tempo juntos.

Aprender uma nova língua: Para meu grande espanto ( que achava que tinha zero jeito para línguas e nunca na vida tinha tido aulas de espanhol) fiquei surpreendida comigo mesma. Fui aprendendo através de aplicações, através de pequenas tarefas do dia a dia como ir à farmácia ou ao supermercado e mais tarde na empresa para onde fui trabalhar, onde diariamente falava espanhol com os meus colegas. 

Arranjar trabalho numa empresa de marketing digital: Até ao final de 2018, apesar de já estar em Madrid, continuava a trabalhar para a empresa Portuguesa onde estava a trabalhar. Mentiria se viesse para aqui dizer que foi super fácil arranjar trabalho e que não pensei várias vezes “ Rita, o que é que tu foste fazer à tua vida?”

Ao fim de dezenas de CVs enviados,  algumas entrevistas realizadas e muito “não” recebido, lá chegou o tão esperado SIM! Claro que o ideal e recomendado, para quem quer embarcar numa aventura semelhante, será ter um contrato de trabalho antes de fazer a mudança. 

A adaptação à nova cultura empresarial, colegas e metodologia de trabalho foi bastante rápida, simples e prática. Talvez o facto de não existirem “Doutores” como referi anteriormente, tenha contribuído para isso. Senti uma grande proximidade e à vontade para colocar dúvidas e fazer sugestões junto da própria chefia.  

a empresa onde trabalhava foi brutalmente atingida e consequentemente todos os que lá trabalhavam, incluindo eu, que de um momento para o outro me vi sem emprego

A experiência estava a ser enriquecedora, com novas oportunidades diárias e muita aprendizagem, até que…aconteceu o que ninguém poderia prever e que acabou por nos atingir a todos, uma Pandemia Mundial! Como assim? Como assim, algo que não é visível nem palpável que aparece, não sabemos muito bem de onde, nem por que motivos e que vem mudar totalmente as nossas vidas?

Tal como tantas empresas pelo mundo, também a empresa onde trabalhava foi brutalmente atingida e consequentemente todos os que lá trabalhavam, incluindo eu, que de um momento para o outro me vi sem emprego. Seguiram-se dias, semanas e meses de procura de um novo emprego, uns dias com mais motivação do que outros.

No entanto, não desisti e decidi aproveitar este “tempo livre” para investir na minha formação profissional, acabando por fazer algumas formações online e colocando em prática muito do conhecimento que fui adquirindo ao longo do tempo.

Ninguém conseguia imaginar as proporções que esta pandemia iria atingir. Recordo-me que no início de Março o nosso chefe nos chamou para uma reunião e disse que como medida de prevenção seria melhor começarmos a trabalhar a partir de casa na semana seguinte, mas que seria algo provisório, porque dentro de duas semanas faríamos um ponto de situação e voltaríamos ao escritório (achava ele… e achávamos nós). 

Passado quase um ano desde o início desta pandemia, sabemos que, tal como diz o ditado “não há mal que dure para sempre, nem bem que nunca acabe”, toda esta situação irá terminar e estou certa que será para todos uma grande lição de vida. Lição de que não conseguimos controlar tudo o que se passa à nossa volta, lição de que juntos somos mais fortes e lição de que não vale a pena fazer planos a longo prazo, porque nunca sabemos o dia de amanhã.

Quanto a mim, continuo firme e focada em voltar ao mercado de trabalho neste mundo que se tornou tão remoto e digital.

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WHAT'S UP

Um amor proibido

Tudo começou por acaso. Estava a participar num projeto do Serviço Voluntário Europeu na Turquia, quando me apaixonei perdidamente por uma muçulmana de Alepo. Uma das atividades do projeto consistia na colaboração com a professora de artesanato, a tal muçulmana, numa associação que dá apoio aos refugiados sírios. Uma a duas vezes por semana eu participava na aula e, propositadamente, às segundas-feiras, dia em que fazíamos uma reunião para distribuir os voluntários pelas atividades semanais, eu era sempre o primeiro a colocar o dedo no ar, de forma a garantir mais interação com a minha amada.

Sempre que chegava à sala, o sorriso dela enchia-me o coração e até me deixava atrapalhado. Numa manhã, após terminada a aula, ela perguntou-me se queria tomar um chá ou um café, num inglês muito limitado e com recurso a gestos. Felicíssimo respondi afirmativamente. No entanto, a minha vontade de a convidar para um café no exterior já era enorme, mas rodeado de muçulmanas sírias tinha algum receio e pedir o seu perfil do facebook também daria muito nas vistas.

Num outro dia, após uma reunião, estava a sair da associação e encontrei o meu tutor do voluntariado, que me aconselhou a não ir pela rua do costume, uma vez que estava demasiado escuro. Assim fiz um desvio. Enquanto descia uma rua, encontrei a minha amada muçulmana, com o seu típico lencinho e aquele sorriso esplendoroso de sempre. Estava acompanhada por um rapaz sírio, que não sabia que tipo de relação eu mantinha com ela. Neste exato momento, a muçulmana gesticulou um coração com os dedos e não podia ser mais sincera quando me disse “I love you”. Fiquei em êxtase. O rapaz sírio apanhou um autocarro, deixando-me mais aliviado. Assim podia estar à vontade para a conhecer melhor. Fomos até a um jardim próximo. Aproveitámos para trocar os números de telemóvel e combinar um encontro no dia seguinte.

As primeiras perguntas que me fez no segundo dia que nos encontrámos foram se gostava dos sírios, se era cristão e se gostava de bebés. Aproveitei também para lhe oferecer uma rosa vermelha e um chocolate. O caricato é que ela só falava árabe e turco. Eu só falava português e inglês. A comunicação acontecia através de gestos e com a ajuda do Google Tradutor, o que nem sempre era fácil. Quando não nos compreendíamos, ela telefonava para a irmã, fluente em inglês, para a ajudar a traduzir o assunto que estávamos a conversar.

Habitualmente só dávamos beijos na cara, porque na Turquia não é bem visto beijar na rua. E, num encontro que tivemos num jardim botânico, tentei dar-lhe um beijo na boca. Ela afastou-se, apontou para o céu e gesticulou com as mãos, tentando dizer “Alá vê”. Eu pedi-lhe desculpa, e pensei em tom de brincadeira “Alá está lá tão alto que não consegue ver”. Num outro dia convidei-a para irmos para o meu quarto ou para um hotel e a resposta foi a mesma: “Alá vê”. Voltei a respeitar, mas pensei novamente num tom brincalhão: “Alá não vê, porque a casa tem telhado”. Sempre que me entusiasmava ela relembrava-me que era muçulmana e eu parava.

Mas, de um momento para o outro, ela deixou de aparecer aos encontros e de responder às mensagens. Fiquei bastante deprimido e sem saber o que fazer. Entretanto disse-me que só podíamos ser amigos e que temia vir a ter problemas no trabalho. Eu compreendi, porque eu não sou muçulmano e na associação onde ela trabalhava haviam bastantes muçulmanos que não iriam aprovar um namoro daquela natureza.

Quatro dias depois, fui esperá-la numa rua perto do trabalho, onde consegui encontrá-la. Ela voltou a frisar que era perigoso continuarmos a namorar e que ficaríamos amigos. Combinámos ir beber um chá no outro dia, mas ela não apareceu. Já lhe tinha comprado um peluche com um “I love you” em turco, mas já não havia mais oportunidade de lho conseguir entregar. Assim, fui dá-lo a umas meninas sírias muito pobres que habitavam numa rua perto de mim e aproveitei também para comprar bolas para os meninos.

Atualmente comunicamos pelo whatsApp, através de pequenas mensagens e símbolos. Confessamos frequentemente que nos amamos e que temos saudades um do outro. As saudades são expressas, mas não há promessas. Já me perguntou se iria voltar à Turquia e eu respondo que se voltar, será por ela.

Há poucos dias, a minha amada enviou-me fotografias sem véu, o que demonstra um grande significado, porque na cultura muçulmana, só o fazem perante a família e o marido. Foi a primeira vez que vi como era o seu cabelo.

Nunca mais esquecerei o seu olhar doce. E, tenho a certeza que esta é uma linda história que, num futuro longínquo, contarei aos meus netos.

Tenciono ir visita-la um dia.

Mas não sei se isto não passará apenas de um sonho distante…

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~ Um chá repleto de amor e cultura~

*Crónica de um jovem  português voluntário na Turquia

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TRAVEL

Travel Post #2 – S. Miguel, Açores

O headshake foi até aos Açores, mais precisamente à bela ilha de S. Miguel.

S. Miguel é uma ilha maravilhosa, na sua paisagem impera o verde, o mar e, claro, as vaquinhas!

Não consigo encontrar uma coisa naquela ilha que não tenha adorado e a companhia não podia ser melhor, a família!

As pessoas eram super simpáticas, com aquele sotaque singular, que se for de uma pessoa mais velha é preciso estar-se com grande atenção para não nos escapar nada.

Logo no primeiro dia, com mapa em riste e a desorientação em alta, andávamos à procura de um certo local na cidade de Ponta Delgada, até que decidimos perguntar a um senhor se íamos no caminho certo. O senhor, deixou os amigos com quem conversava e disponibilizou-se logo a acompanhar-nos. Lá fomos, falando e andando, e não é que o senhor conhecia Coimbra e era grande fã da Académica?! Que máximo!

A ilha é só sobe e desce, tanto está sol e calorzinho nas zonas mais baixas, como está um frio de rachar e um nevoeiro imenso nas zonas mais altas. No caminho são campos sem fim com as vaquinhas a pastar, e atenção redobrada porque a qualquer momento uma pode vir passear até à estrada.

Vimos as inúmeras lagoas, a Lagoa das 7 cidades, fomos até à vista do rei, nome que assenta que nem uma luva, porque realmente a vista daquele miradouro para as 7 cidades é deslumbrante.

Passeios a pé, caminhadas infinitas, “operação stop” de vacas leiteiras e volta a ilha dada, com passagem pela Lagoa do Fogo, Caldeira Velha e banho quentinho (a escaldar) da Poça da D. Beija. Meditação no Miradouro do Sossego, passagem da Ribeira do Caldeirões, pela Ferraria onde há uma piscina natural (se a maré estiver baixa a água está quentinha) e o belo cozido típico das Furnas.

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A meio da volta à ilha seguimos a rota do chá. Pois é, a ilha de S. Miguel possui as únicas plantações de chá da Europa. Fui até ao Chá Gorreana onde pude conhecer as plantações, o tratamento e todo o processo até ao empacotamento. No final foi a prova do chá, que delicia. Claro que tive de trazer um pacotinho de Chá Preto Pekoe, que é o chá feito da segunda folha, o mais delicioso.

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Até os peixinhos bebem chá aqui!

A aventura pela ilha foi uma experiência única. Um local curioso, relaxante e cheio de surpresas.

Visitem porque vão adorar! Agora ficam 8 ilhas por conhecer, até breve Açores!

~ Um chá e uma viagem ~

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